sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

FERNANDO PESSOA

O ESOTERISMO COMO IDEAL NÃO ATINGIDO
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Fernando Pessoa, o grande poeta da Mensagem, apresenta na sua Carta Astral um perfil interessante:
Inquieto e insatisfeito, sempre à procura de algo (motivação dinâmica - linear) mentalmente rebelde e depressivo - Mercúrio em quadratura a Úrano-Marte. mas sem dúvida um criativo invulgar atraído pela morte-renovação (Casa 8) e pelo isolamento como forma de preservar o seu mundo-próprio, o seu castelo, a sua cela-espaço como que de um monge-eremita se tratasse. Influenciado pela figura arquetípica da mãe em todo o seu simbolismo, sente-se, no entanto, desestruturado pela falta do pai (Sol sem aspectos). Todos os seus heterónimos são, conscientemente ou não, a sua forma própria de afirmação e a sua incessante procura do utópico, da diferença. Gémeos, signo sob o qual nasceu, é regido por Mercúrio, planeta associado às diversas formas de comunicação. Nele estão o Sol, Vénus, Neptuno e Plutão. Mercúrio, esse está em Caranguejo, signo de água, forma do sentimento, da emoção e do sonho. Comunica-se como tal e deixa que emoções, sentimentos, sonhos e desejos fluam através da mente receptiva que possui e ganhem forma através de Úrano, planeta espiritual e criativo, associado ao vanguardismo e ao incomum. Entre os dois - Mercúrio e Úrano -, forma-se uma quadratura, aspecto símbolo de energia dinâmica, activa, mas também tensa e de fricção. Daqui surgem as suas múltiplas personagens e tudo o que o tornou invulgar na sua época e hoje fonte de inspiração de gerações que sucessivamente se deixaram «prender» pela sua sã loucura, pela sua Mensagem profética, sempre à espera de um D. Sebastião e apanágio do restabelecimento do Quinto Império. Enigmático na sua época, fonte de sedução e de inspiração hoje, sempre actual pela sua lusovisão. Gémeos é o signo da dualidade, do confronto de Ama com a personalidade, segundo a expressão esotérica. Na mitologia antiga, Mercúrio é chamado de «mensageiro alado dos deuses», aquele «que leva e traz as mensagens entre os deuses e Humanidade com a velocidade da luz».No homem, Mercúrio traz a relação entre os dois pólos da personalidade, Deus e animal, para um estágio mais agudo e, mais tarde, funde a Alma com a personalidade. O regente esotérico de Gémeos é Vénus, que com a sua qualidade unificadora desfaz a dualidade, transformando-a em «síntese fluída». A fusão dos pares de opostos ocorre na consciência, através do amor que tudo abraça. Escorpião é o seu signo Ascendente e é regido por Marte, esotérica e exotericamente. A força sexual é transformada em força de vontade criativa. Marte como regente duplo põe em movimento toda a natureza mais baixa, fazendo da vida uma eterna provação, uma constante batalha entre forças superiores e inferiores, a permanente exigência psicológica e espiritual do morrer e do renascer. Signo de transformação interna, da transmutação, em Escorpião o «Eu menor», antes constituído com dedicação e amor, deve ser destruído para que possa ser desenvolvida uma nova estrutura, reveladora do verdadeiro Ser. A transformação é um processo difícil, porém necessário, através do «solo em chamas»; através do processo de purificação e sublimação que elimina as energias e as amarras indesejáveis, garante-se a continuidade da evolução, conduzindo à completa libertação, através do renascimento do verdadeiro Ser. A transformação eleva o Homem à vitória sobre a natureza instintiva. Ele torna-se um «discípulo triunfante», como Hércules, o Deus Sol, que, em Escorpião, obteve a vitória gigantesca sobre Hidra, a serpente de nove cabeças.
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Carlos de Oliveira (Astrólogo)
Páginas 20 a 22 do livro,
SIMBÓLICA, 125 Anos do Ateneu Comercial do Porto.
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